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sábado, 17 de agosto de 2013

O PEQUENO POLEGAR - Teatrinho infantil.


O PEQUENO POLEGAR 
Comédia em três atos. 
Adaptação: Nicéas Romeo Zanchett 

PERSONAGENS 
Pequeno Polegar, Indicador, Médio, Anular, Mínimo, Papão, Lenhador, Lenhadora.
Apresentação Zé carioca. 
              Zé Carioca - (aparece e saúda) - Polegar, Indicador, Médio, Anular, Mínimo... Não se alarmem, queridos amigos. Não se trata de uma lição, embora possa parecer. Já sei o que estão pensando... "Levam-nos ao teatro e aproveitam para dar-nos lições de primeiro ano." Não, meus amigos! Estes são os nomes dos heróis da comédia de hoje... Não!... Também não se trata de um desses brinquedos para bebês: "Mindinho, Seu-Vizinho, Pai-de-Todos, Fura-bolos, Mata-Piolhos. Que é do queijo que estava aqui? - O rato comeu, - Que é do rato que estava aqui? - O Gato comeu, e assim por diante, até dar sono em todos...  Aqui o boi não bebeu água nem o frade bebeu o ovo, que nenhuma galinha botou!... Mas não vamos adiantar os acontecimentos da história. Você já vão ver! Vão ver como o "Pequeno Polegar" é esperto e valente. Como volta para casa num automóvel sem gastar gasolina... Façam subir o pano! vai começar o maios espetáculo da terra.

PRIMEIRO ATO 
 Cenário : Um bosque à noite. 

Em cena: Pequeno Polegar e seus irmãos estão sentados ou deitados no chão, tristes e silenciosos. Mindinho dorme e suspira. 

                    Polegar - Indicador, suba a uma árvore e veja se alguém resolveu acender uma luz. 
                    Indicador (Levanta-se com preguiça) - Irei, embora saiba que não adianta nada... Tudo indica que ainda não é hora. 
                     Médio - vamos andando por qualquer caminho! É claro que iremos a algum lugar. 
                     Polegar - Precisamos pensar no pobrezinho do Mindinho. Está cansado e com fome. Se tomarmos uma caminho errado, será preciso voltar. Acho que o coitadinho não aguenta.

                    Anular - Você tem razão, como sempre. É melhor a gente um pouco mais!
                    Médio (apertando a cinta) - O diabo é que a fome está aumentado!... 
                    Indicador - E o pior é que já almoçamos,mas continuamos com fome!...
                    Polegar - Fiquem quietos! Se continuarem a falar vão acordar o Mindinho...
                    Anular - Mais uma vez você tem razão, Polegar! 
                    Polegar - Vou ver se avisto alguma luz... ( e sai por um momento da cena). 
                    Anular - Como o polegar é bom! Sendo quase tão pequeno como o Mindinho, e ainda cuida dele com tanto cuidado! Ele utilizou todo o seu pedaço de pão para fazer bolinhas de miolo para marcar o caminho e nem se queixa de fome!
                    Indicador - É mesmo! esqueci-me que o jejum dele é bem maior que o nosso e nem assim se queixa... 
                     Médio - E não podemos nos esquecer de que ontem mesmo ele nos salvou de sermos devorados pelas feras!
                     Mindinho (acordou justamente no momento em que Médio falou "fera" - Que é isso? Há feras aqui? 
                     Médio - Não, menino! Não precisa ter medo! Eu estou aqui para defendê-lo! 
                     Indicador - E eu também! 
                     Anular - E eu, também não? 
                     Mindinho - Mas... Onde está polegar? 
                     Indicador - Ele já vem. Foi ver se avista alguma luz que nos indique o caminho. 
                     Anular (em tom de brincadeira) - Uma luz que nos "indique..." Pode-se logo ver que é o indicador  quem está falando... 
                     Indicador - Olhe, Anular! Não me faça lembrar o que mais o aborrece que é o fato de que  você é o menos útil da família.  
                    Mindinho - Quero Polegar! Estou com medo.
                    Polegar (entrando em cena) - Estou aqui! É preciso esperar um pouco mais; está muito escuro! 
                    Anular - esperar, esperar... E se as feras aparecerem? 
                    Indicador Faz um sinal, indicando o Mindinho) - Que feras, que nada! Não seja bobo...
                     Polegar - feras? Vocês ainda estão pensando nisso? Elas já foram domesticadas e estão nos circos e jardins zoológicos! Muitas estão presas em jaulas. 
                     Mindinho - Por que estamos sozinhos aqui? Ainda não consegui entender!... 
                     Médio - Depois você saberá... Papai e mamãe...
                     Mindinho (começa a chorar, gritando) - Mamãe!Quero mamãe! Por que ela não vem me buscar? 
                    Polegar - Não chore! Agora mesmo nós vamos nos encontrar com mamãe...
                    Indicador - Eu vou outra vez ver se avisto algum sinal que nos indique se já está na hora de seguirmos. 
                    Mindinho (consolado) - Bem! Que faziam papai e mamãe? Que era que você ia dizer?
                    Médio - Papai e mamãe estão muito pobres. Não tinham mais nada para nos dar de comer e por isso nos trouxeram à floresta... 
                   Polegar (interrompendo)... para ver se encontramos uma boa fada que possa nos ajudar... 
                   Anular - No primeiro dia Polegar foi deixando pedrinhas pelos caminhos e pudemos voltar para casa. 
                   Médio - Agora não teve tempo de ajuntar pedrinhas e jogou bolinhas de pão, se sacrificou ficando sem comer nenhuma migalha... 
                  Anular - Mas, e os malvados passarinhos... 
                  Polegar - Não culpe os passarinhos; eles estavam com muita fome, coitadinhos, e comeram todas! 
                  Mindinho - Você acaba de me lembrar que estou com muita fome... Por que você deu seu pedaço de pão aos passarinhos? Agora estou com fome!... 
                  Médio - Este garoto é mesmo um tolo; não entende nada que se explica!... 
                  Indicador ( entrando agitado) - Polegar! Vi uma luz, uma luz muito brilhante, daquele lado!... (aponta na direção da luz). 
                  Polegar - Vamos embora! Depressa, Mindinho, não podemos perder tempo ( e todos se levantam e saem de cena).           
CAI O PANO 
.

 SEGUNDO ATO 
Cenário: Na casa do gigante papão. A mulher, gorda e bonachona, está cantarolando enquanto põe a mesa. Ouve uns chamados e vai abrir a porta. 

                     Mulher - Boa noite, garotos! Que querem vocês? 
                     Polegar - (falando lá de fora) - Boa noite, dona! Nós nos perdemos na floresta. Somos filhos do lenhador Manuel... 
                     Mulher - Podem ir-se embora daqui! Nunca ouvi falar dessa pessoa, nem sei onde mora. Não posso fazer nada por vocês!...
                     Polegar - Por favor, dona! Só queremos um pedaço de pão e descansar um pouco. Não encontramos nenhuma outra casas por estes lugares... 
                     Mulher - É verdade, meninos... Mas aqui nesta casa vocês correm um grande perigo!
                     Polegar - Só um pouquinho! Tenha dó de nós. Meu irmãozinho já esta desfalecido de fome e canseiras. 
                     Mulher - Então, entrem! Mas é só por uns momentos, enquanto comerem o que vou lhes dar. (Os meninos entram e a mulher faz carícias em Polegar e Mindinho, os menores do grupo). 
                     Médio - Muito obrigado, minha senhora! 
                     Anular - Digo-lhe o mesmo! 
                     Indicador - Seu ato indica... 
                     Mulher - Deixem de agradecimentos e venham comer aqui. Não façam o menor ruído, porque minhas filhas já estão dormindo neste quarto. (Aponta para a porta esquerda e leva os meninos para a direita). O cenário fica por um momento deserto, enquanto isso se ouvem vozes dos meninos e da mulher na cozinha. Pausa. Voltam todos). 
                     Mindinho - Que sopa gostosa! Nunca tomei outra tão boa em toda a minha vida! 
                     Polegar - É verdade! Além de gostosa, prova que a senhora é uma ótima cozinheira...
                     Médio - E o pão? Tão macio, tão branco e saboroso! ...
                     Anular - E que cozinha limpa, asseada! As vasilhas brilham como ouro. 
                     Indicador - Tudo indica que...
                     Mulher - Basta de elogios, meninos. tratem de irem embora. Meu marido está para chegar. 
                     Polegar - Mais uma vez, dona, muito obrigado e que Deus lhe pague... 
                      Mulher - Fiquem quietos! Calem-se! ... estou ouvindo os passos de meu marido... Meu deus! (Os garotos, como tontos, e apavorados, correm de um lado para outro sem achar onde se esconder. Afinal, cada um se esconde como pode). 
                     Papão (de fora, empurrando a porta) - Abra, mulher, que estou louco de fome! 
                     Mulher (abrindo a porta) - Entra, meu queridinho! A ceia já está pronta!... 
                     Papão - Tantos agrados me fazem até desconfiar... A ceia queimou no caldeirão e ainda quer me acalmar? 
                     Mulher - Ao contrário! A ceia está excelente, como nunca!  Sente-se. Você deve estar canado. espere, que já o sirvo... 
                     Papão (senta-se de costas para a plateia, para que não se veja a comida) - Que cheiro gostoso! É cheiro de carne humana! (Canta) 
Carne humana cheira-me aqui!
Se não a como, como-te a ti!...
                     Mulher (tremendo de pavor) -  Não, querido! É que eu assei um cordeirinho, que está cheirando apetitosamente!
                     Papão - Vamos! Quero ver esse cordeiro! 
                     Mulher (traz uma travessa, coberta) - As pequena estiveram hoje, o dia inteiro...
                     Papão  (comendo) - Não me distraias enquanto como! (Aspira outra vez, repetidamente) e canta de novo: 
Carne humana cheira-me aqui! 
Se não a como, como-te a ti!... 
                      Mulher - Não é carne humana, queridinho! São duas galinhas assadas, com molho de tomate e pimenta... Coisa finíssima!... 
                     Papão - Vejamos essas galinhas. Vamos! 
                     Mulher (traz outra travessa) - Se você tivesse visto como as pequenas estão... 
                     Papão - Já lhe disse que não converse comigo, quando estou comendo! ... (Levanta-se, limpando a boca com um avental, que havia amarrado ao pescoço) - Comi como um elefante e, entretanto, 
Carne humana cheira-me aqui!
Se não a como, como-te a ti!...
                      Mulher - Você está sonhando, maridinho! Aqui não existe carne humana...
                      Papão (viu Mindinho, de cócoras, atrás de uma cortina e o arrebata por um braço) - E esta? Não? Ah, infame!...

                      Mindinho  (gritando) - Polegar, Médio, corram senão o Papão me come! (Todos os meninos saem dos escondrijos). 
                     Polegar (delicadamente, porém com certa energia) - Tenha a bondade de soltar o meu irmãozinho! 
                     Papão - Que minúsculos bocados! Só cinco menininhos, tão magricelos!... 
                     Mulher - Magrinhos, fraquinhos, miudinhos!... 
                     Papão - Cale a boca mulher! 
                     Polegar - Senhor gigante Papão, será mais feliz praticando uma boa ação do que nos devorando. 
                     Médio - Sua esposa tem razão. estamos tão magrinhos!... Temos passado muita fome!... 
                     Anular - Pope-nos a vida, senhor gigante. Somos da mesma idade de suas filhinhas... 
                     Indicador - Permita-me indicar que é certo que lhe causaremos cólicas... 
                     Papão - Bom! Descansem por esta noite. Vamos resolver tudo amanhã. (chamando alto) - Mulher! Onde colocaremos estes pequerruchos para dormirem? 
                     Mulher - Na cama vazia do quarto das meninas. Eu lhes emprestarei camisolas e gorros que elas já não usam mais...

                      Papão - Claro! Desde que comprei para elas as coroas de ouro, não as tiram da cabeça, nem para dormir! (Os meninos entram no quarto com a mulher, que volta em seguida).
                     Mulher - Como você é bonzinho, meu maridinho, tão bonitinho!... 
                     Papão (rindo-se) - Bom, eu? !... Alegre, é o que você quer dizer. Amanhã eu vou almoçar esses meninos, esses "camundongos"... (As últimas palavras ele as disse em voz baixa, para que as crianças não as ouvissem. Saem a mulher e o marido. O cenário fica deserto, à meia luz. Pausa. Logo depois volta o Papão brandindo uma enorme faca e entra no quarto). 
(Papão dirige-se até as crianças, mas, no momento que ia degolar a primeiro, para repentinamente)...
                      Papão (sai do quarto limpando a faca. fala em voz baixa) - Que boa coisa ia eu fazer! Se não fossem as coroas de ouro, eu teria me enganado e degolado minha próprias filhinhas... Agora, com as cabeças cortadas, esses meninos já não poderão enganar-me .... (Entra novamente  no quarto). 
                     (Pouco depois saem Polegar e seus irmãos.)
                     Médio - (Em voz baixa, mas bem audível) - Que boa ideia você teve Polegar! Mudando nossos gorros com as coroas de ouro das filhas do gigante Papão, você nos salvou a vida!... 
                     Anular - Ele, às apalpadelas, no escuro, pensou que nós eramos as meninas, e lá se foi para a cama das filhas... 
                     Polegar - Vamos fugir, o mais depressa possível! (Saem todos, pé-ante-pé...) 
CAI O PANO 
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Cenário: Na Floresta. Os meninos, alegres, sentam-se para descansar. 
                    Indicador - A cor do céu está indicando que daqui a pouco vai amanhecer. |Já está começando a clarear no levante. 
                    Anular - Indicador sempre indicando.... Nasceu exclusivamente para indicar!... 
                    Médio - Graças a Deus, escapamos do gigante! 
                    Polegar - Mas ainda não estamos completamente fora do seu alcance... 
                    Mindinho - já não aguento mais correr. O melhor é a gente se esconder em algum lugar. 
                    Polegar  (assustado) - Não estão ouvindo passos? Passos pesados!... Alguém vem aí  perto ... 
                    Médio - Será que é o gigante? 
                    Indicador - O ruido compassado dos pés indica... 
                    Anular - deixe de indicações! Estamos ouvindo passos largos e pesados...
                   Mindinho (começa a chorar) - O gigante vem vindo, o gigante vem vindo!... 
                   Polegar - Escondam-se todos! Depressa! É mesmo o gigante Papão!...  (escondem-se no meio de umas moitas. Chega o gigante esbravejando de raiva.) 
                    Papão - Patifes, malandros! Onde terão eles se enfiado que não consigo achar?  Não podem estar muito longe!... Ufa! Estou exausto! Vou descansar um bocadinho! Afinal, por mais que eles corram, eu, com minhas botas de sete léguas, os alcançarei.... (ali mesmo deita-se no chão e começa a roncar. Não demorou muito e saíram da moita Polegar e Médio; tiraram as botas do gigante e voltaram a esconder-se. O Papão desperta). 



                     Papão (bocejando) - Bom! Já estou um pouco mais disposto. Agora devo novamente correr atrás daqueles patifes fujões. (Corre, mas tropeça numa pedra e só então vê que está descalço) - Mil raios os partam! trovejou o gigante com rava. (Dá alguns pulos. a rodopiar numa perna só, gemendo e  segurando a outra).  - Quem me roubou as botas? Minhas famosas botas de sete léguas, as únicas no mundo! Se pego esse ladrão, como-o com molho de tomate e pimenta, seja lá quem for, até mesmo se for rei ou princesa... (Sai andando tropegamente. Tudo lhe machuca os pés descalços. Desaparece. faz-se pequeno silêncio. Saem Polegar e os seus irmãos.) 
                     Mindinho - Nem sei como pude segurar uma gargalhada! 
                     Médio - E eu? tapei minha boca para não desatar a rir... 
                     Polegar - Vocês não estão reconhecendo este lugar?
                     Anular (inclina-se e ergue alguma coisa do chão. Todos o rodeiam,curiosos) - Olha! O pequeno pente de nossa mãe. 
                     Indicador - Isto indica que .... 
                     Médio - Vem vindo gente aí! Estou ouvindo passos... 
                     Polegar - Vamos nos esconder, para vem quem será... (Escondem-se e entram em cena o lenhador e a lenhadora.) 
                      Lenhadora - Por que você me trouxe a este lugar? Foi aqui que vi meus filhos pela última vez! 
                      Lenhador  - É bem possível que agora sejam muito mais felizes e não tenham mais que passar fome... 
                      Lenhadora - Quem poderá garantir isso? Mas eu não posso me esquecer deles! Meu Mindinho, tão pequeninho! Meu Anular, tão comportadinho! e o Indicador, sempre indicando! o meu Médio, tão seriosinho! e o meu Polegar , Ah! o meu polegar, tão esperto e inteligente! Pobre filhinhos!... Por onde andarão?... 
                      Lenhador - Deixe de choramingar, mulher e vamos trabalhar, que é melhor. O inverno está chegando e precisamos guardar mais lenha. 
                      
                     Lenhadora (triste) - Onde estarão meus querido filhinhos? 
(nesse momento, os meninos saem do esconderijo; polegar carrega consigo as botas de sete léguas que tirou do gigante. O primeiro a avista a mãe é o Mindinho.)
                     Mindinho - Mamãe! Aqui estamos, mamãe! (Todos se abraçam alegremente.) 
                     Lenhadora - Onde estavam vocês? De onde vieram, assim tão rápido?  Que alegria, meu Deus! Porém, como vamos fazer para sustentá-los? Somos tão pobres!... 
                     Médio - Nós também trabalharemos, ora essa!
                    Lenhadora - Como irão trabalhar, se vocês ainda são tão pequeninos!... 
                    Polegar (mostra as botas de sete léguas) - Com isso aqui, mamãe! Poderei trabalhar como menino de recados. estas botas andam sete léguas a cada passo! 
                    Lenhador - Incrível! Vai mais depressa que qualquer correio! Amanhã faremos uma experiência com elas...

                    Indicador - Isto indica que... (Levanta o dedo "fura-bolos"  e todos se põem a rir.) 
                    Polegar - E aqui acabou a nossa história!..... 
                                                              DESCE O PANO 
                                                                  
                                                                        F I M 
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